domingo, 2 de outubro de 2011

Resenha: Jarbas - André Bozzetto Jr. - Ed Estronho

Resenha: Jarbas - André Bozzeto Jr - Ed Estonho
Jandeilson Bezerra

"Sem hesitar, Jarbas embrenhou-se na escuridão, caminhando de forma lenta mas decidida", pode ser que dentro do contexto essa frase venha desconexa, mas já fica evidente a tônica do livro "Jarbas", revelando silenciosamente aquele que seria o perfil da personagem principal em meio a uma trama sanguinária. Uma criança que não tinha amigos, isso fica evidente já desde o início, amargurado, sofreu todo tipo de preconceito e isso contribuiu para que já tivesse os piores pensamentos e atitudes em relação àqueles que o cercavam. Filho de uma enfermeira, mãe solteira, já que o pai não estava nem aí para o filho e sequer a via, o garoto vivia mais sozinho do que na companhia dos amigos, a mãe bebia muito e para ele a a vida "era sombria, melancólica e cheirava à vodca barata".

Jarbas é uma criança com uma infância já maculada pela ausência de seu pai a "pessoa que ele mais odiava no mundo", trazia consigo uma vontade sobrenatural de se vingar das pessoas que de uma forma ou de outra o tinha feito mal, é a vingança que serve como estopim motivador de toda a sua jornada inicial, esse estopim que inicialmente se justifica por vingança vai tornando evidente que o desvio de sua conduta não é na verdade aquilo que ele justificou como o motivo para tudo, mas sim a sua vontade pelo gosto de sentir e ver a sua vítima com medo.

Não é uma narração sobre um lobinho bonito que vai te proteger de um possível predador vampiro, ao contrário, a sua aparência é capaz de enganar até os mais astuciosos dos licantropos se ele não tiver cuidado.


Entre um capítulo e outro dessa saga surpreendente pode-se acompanhar a evolução dos vinte e cinco anos daquele que leva o nome de Jarbas evoluindo na escuridão do passar do tempo, cada vez mais com sede de sangue e não só isso mas sem causa própria ele demonstra todo o desprezo por qualquer semelhante, e com ele evolui o modo com usa de suas vítimas e como é capaz de faze-las sofrer apenas pelo prazer de provocar-lhes medo e de aterroriza-las, e isso sem dúvida alguma faz com que seja temido inclusive entre aqueles que são iguais a ele.

A vibração da história pode se perder em alguns momentos talvez por um erro de continuidade proposital, ou não, que poderia ser sanado com um aprofundamento maior do personagem que delira pensando ser lobisomem. Já no inicio de sua história não fica muito claro o tom de realidade e critica que o autor usara, destoa do resto da história o final da primeira parte onde faixas e fogos contrastam com o tom verossímil utilizado pelo escritor ao logo do livro, esse é o único momento em que a história não parece se justificar, mas o caminho nos leva a algo bem maior que esse contraste quando nos deparamos com esse delírio que pode ser um cano de escapa para justificar tudo o que se passa na cabeça de um escritor, onde o livro não é nada mais que apenas o seu próprio delírio.

Vitória, uma bela caçadora de lobisomens, foi certamente um dos personagens mais marcantes com quem Jarbas se encontrou durante a trilha de sangue que deixava por onde passava, sedenta de vingança, o que parece motivar a todos os personagens que permanecem vivos ou que se salvaram, ela vai no encalço de Jarbas o rastreando por onde quer que ele fosse. Eletrizante e vibrante, não há para onde fugir, com narrativas curtas entremeadas de histórias que se entrelaçam dando vida aos personagens e os tornando tão próximos essa característica torna esse livro algo realmente vivo, uma história tão fantástica que mais parece ser real. Uma história narrada em terras tupiniquins, mais precisamente em Porto Alegre e de lá para algumas partes do Brasil, e poucos sabem explorar com maestria essas possibilidades assim como Machado de Assis o fez em seu conto O Alienista que embora em um tom de realismo aqui serve apenas para comparar a maestria na utilização do espaço nacional como pano de fundo para um conto tão sanguinário e e ainda sobre lobos.

Com uma linguagem coloquial bem regionalista, essa história sanguinária narrada por André Bozzetto Jr é sem dúvidas um prelúdio daquilo que a literatura nacional está se tornando e sem dúvidas essa evolução e ecleticismo da literatura nacional é algo que tende não a seguir um tipo de influência de outros continentes, ao contrário, os escritores nacionais veem demonstrando com veemência que é possível sim termos boas histórias sem precisar ir para fora do país busca-las.

Promoção:

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Autor:

André Bozzetto Junior é natural de Ilópolis - RS e reside atualmente em Pinhalzinho - SC, onde trabalha como professor. É graduado em História e Mestre em Letras, autor do romance Odisseia nas Sombras, Na Próxima Lua Cheia e participou das mais diversas antologias de literatura fantástica. 
Mais informações em seu blog pessoal: http://escriturasdaluacheia.blogspot.com


Sinopse:


Em 1984 Jarbas era apenas o nome de um garoto interiorano fã de livros e filmes de terror. Porém, em 2009 esse mesmo nome já havia se convertido em uma expressão capaz de despertar o mais genuíno pavor entre todos aqueles que sabiam de sua existência. Transformado em um lobisomem brutal e perverso, Jarbas passou a ser temido pelos humanos, odiado pelos licantropos e perseguido por ambos.

Neste romance de André Bozzetto Jr., você irá acompanhar 25 anos da trajetória deste temível ser e conhecerá uma vasta gama de personagens que, de uma forma ou de outra, cruzaram pela trilha de sangue deixada por ele através das noites de lua cheia. Entre estes desafortunados, destacam-se Francisco e Jorge – uma dupla de aposentados que tenta livrar sua cidade da ameaça licantrópica – e Vitória, uma jovem e bela caçadora de lobisomens sedenta por vingança.

Ódio. Medo. Desespero. Terror. Está preparado para encarar?

Ficha Tecnica:

ROMANCE
Autor: André Bozzetto Jr.
Ilustração da Capa: Andrei Bressan
Finalização da Capa e Diagramação: M. D. Amado
ISBN: 978-85-64590-04-5
Formato: 14 x 21cm

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